quinta-feira, 8 de setembro de 2011

AMARALINA – RETOQUES NECESSÁRIOS

Ao tempo da construção do quartel de Amaralina, não resta a menor que ele se fazia necessário. Nele foi instalado um centro de observação aérea, obra atribuída aos norte-americanos ao tempo da 2ª guerra mundial.

Quando o conflito se encerrou, a Aeronáutica assumiu o controle do equipamento, ampliando suas funções, inclusive construindo à frente da avenida um conjunto de grandes garagens que abrigava caminhões e até veículos providos de canhão, possivelmente tanques.

Essa construção e mais outras que se fizeram, tomou totalmente a frente do mar que ali é de uma beleza extraordinária, desde que se compõe divinamente com as elevações do terreno , as mesmas que se observam tanto no Morro do Cristo quanto no Morro do Farol da Barra.

Por muito tempo não se percebeu essas virtudes que a natureza proporcionou a nossa cidade, muito pelo contrário, a Prefeitura por volta do ano de 1960, permitiu e até incentivou a construção de clubes e hotéis do lado do mar. Foram os casos do Centro Espanhol, do Clube Português e do Esporte Clube Bahia e dos hotéis Othon, Ondina Residência, Salvador e Meridien. 

Atualmente, quando se constata que a nossa orla perde em beleza para muitas outras existentes no nordeste brasileiro, sem dúvida que uma das razões dessa inferioridade talvez esteja nesses casos, senão vejamos: o Porto da Barra, onde se inicia a nossa orla atlântica, digamos assim, não tem no País nada que se iguale. Um jornal inglês classificou a praia do Porto como a 3ª mais bela praia do planeta. Ela está balizada por dois fortes: o de São Diogo e o de Santa Maria. Uma dádiva!






Em seguida, após o Forte de Santa Maria, vindo para a esquerda da orla, temos um espaço problemático – é a chamada praia da B. Tanto na maré cheia quanto na maré vazia, ela não satisfaz.


Para compensar a falta de beleza desse pedaço, temos o espetáculo do Farol da Barra encimado na Ponta do Padrão, um dos pontos da consolidação de posse da terra brasiliense
À sua esquerda, a bela praia do Farol com a variedade de seus atrativos, desde as bacias que se formam nas marés de vazante, até as ondas que se evoluem na extremidade oposta, o que a torna um paraíso para os surfistas

Bem ao lado, o Morro do Cristo, outro lugar belíssimo: Até aqui, estamos vencendo de qualquer lugar que se queira comparar. Logo após, começam os problemas de nossa orla, tanto os da própria natureza quanto e principalmente os criados pela iniciativa humana. Da mesma maneira e forma da Praia da B. o espaço entre o Morro do Cristo e o Morro de Ondina, é todo pedregoso. Nesta foto até que está bem. A maré está cheia. Quando a maré vaza, é uma pedreira.

Mas teria uma solução? Claro, é só querer. Há, por exemplo, um projeto de autoria do arquiteto baiano Alexandre Prisco Paraiso Barreto que se enquadra em todos os sentidos nesse espaço. Ei-lo:

Vendo essa foto, ficamos a imaginar quando um projeto dessa natureza seria aprovado e concluído. Conhecendo a nossa terra como conhecemos, pela longa vivência com ela, diríamos que a depender dos poderes públicos, as esperanças são remotíssimas. Já a iniciativa privada poderia topar essa parada como vem fazendo em diversas partes do mundo. Vejamos alguns exemplos:


Obras como essas é que atraem turistas como aconteceu também em Bibau na Espanha com seu Museu Guggenheim ou em Sidney na Austrália.

O projeto do arquiteto baiano tem a mesma qualidade dos que nos lembramos e acabamos de nos referir.
Em vez disso, estranhamente, a Prefeitura aprovou a construção de um hotel na base do morro de Ondina em substituição ao Clube Espanhol. Suas obras já estão bem adiantadas como se pode ver na foto adiante.

Como compensação ao espaço cedido pelo clube, estão construindo um novo clube ao nível do asfalto.Teme-se que após concluído levante-se um muro de isolamento como faziam nas ocasiões de shows que aconteciam no local.

Aliás, numa das fotos acima, já poderemos ter uma idéia da “coisa” pela divisão de arame que já está levantada no lugar. O muro seria por aí.

Mas, como dizíamos, é muito difícil a concretização de obras monumentais numa cidade que só há poucos anos percebeu a sua imensa inclinação turística ou falta recursos para concretizá-la.Veja-se, por exemplo, o caso do Oceanário que se pretendia instalar na praça que substituiu o Clube Português. Ficou em nada!

Há uma visível falta de imaginação dos governantes para um embelezamento maior da nossa orla em muitos sentidos. A maioria está centrada numa máxima que não se coaduna com nada. Chega ser patético: “a nossa orla já é bela de natureza e só precisa de certos cuidados”. Com base nesse pensamento, nada se faz para melhorá-la em termos de estrutura arquitetônica e urbana. Percebe-se a falta de um plano diretor. Aliás, nesse sentido, vejamos o que disse o presidente do IAB-Ba, Sr. Paulo Ormindo de Azevedo:

Não vejo nenhum projeto consistente, seja do Governo Estadual, seja dos municípios da Região Metropolitana de Salvador sobre a orla atlântica. As ações que estão sendo implementadas ou anunciadas – melhorias de calçadas e novas barracas – são puramente cosméticas. Os verdadeiros problemas da orla atlântica estão relacionados com o uso do solo e falta de infra-estrutura. Não há nenhuma política definida com relação à orla ou miolo, que lhe fica atrás como um todo. Desde a década de 70 a cidade não tem nenhum plano. Estas ações paliativas resultam, a meu ver, da falta de um plano de prioridades”.

São absolutamente contundentes as palavras acima e não é necessário acrescentar mais nada.

Aliás, esse morro – Morro de Ondina – é um eterno sofredor. Poucos sabem que em 1920 (24/12/1920), a estátua de Cristo que hoje se encontra no chamado Morro do Cristo se achava instalada no Morro de Jesus. Morro do Jesus?! Sim, todo o morro chamava-se assim, em razão da estátua de Cristo que ali estava instalada.

(O Cristo da Barra tem origem italiana. Foi esculpido em Gênova pelo escultor Pasquale de Chirico a pedido do desembargador José Botelho Benjamin e foi trazido para a Bahia a bordo do navio Cervino entre 1905/1910. Ainda por curiosidade, o referido desembargador era judeu e teria se convertido ao catolicismo).

Por volta de 1960, a estátua foi transferida para onde ela hoje se encontra. Motivo: concederam uma licença para que em baixo do morro funcionasse uma pedreira. Os caras começaram a dinamitá-lo. A estátua estava sendo abalada.


Há de se reparar o “buraco” feito na rocha pela referida pedreira. Estava se estendendo.

Após a transferência a Aeronáutica construiu no local a chamada Prefeitura da Aeronáutica, isolando o morro. Para tanto, fez-se um muro de mais de 200 metros de extensão ao longo da avenida. Esse muro alcança uma das extremidades dos hotéis. Falando neles, todos são maravilhosos. Apenas discordamos da concessão de suas construções nos locais onde foram levantados, em frente a uma grande faixa do mar. Poderia ter sido construído do outro lado, por exemplo, num pedaçinho do grande terreno pertencente à Universidade da Bahia.

Nós mesmos e a geração atual desconhecemos como é o Morro de Ondina. Devia ser bonito. Abrigava a Estátua de Jesus. Devia ter um belo acesso. Certamente era um espetacular “belvedere" tanto quanto são o Morro do Padrão e o Morro do Cristo.

Como dizíamos, o muro da aeronáutica alcança uma das extremidades do Salvador Pálace Hotel, atualmente fechado e em seguida começa o Othon e por fim o Apart-Hotel Residência Ondina.




O problema da posse de áreas do lado do mar tem a sua culminância quando após o Rio Vermelho em direção à Amaralina, começa um quartel que hoje não é mais quartel na acepção da palavra: tornou-se casa de eventos e hotel de passagem. Nada contra! Poderão funcionar eternamente, contudo, não se justifica mais as garagens que antes abrigavam veículos militares de grande porte em grande parte da avenida. Tem um aspecto nada agradável. Precisa ser retirado com urgência. Vejam na foto adiante o absurdo:















































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