segunda-feira, 30 de abril de 2012

SUGESTÕES AO NOVO PREFEITO – 3ª PARTE

Na primeira postagem dessa série, referimo-nos ao cais que se fez nos idos de 1920/30, talvez até um pouco antes, desde a Ribeira até o Porto da Lenha. Com a sua construção, surgiu a Avenida Beira Mar. Os Tainheiros já existiam. Na oportunidade, comentamos que este cais deveria ter começo no Porto dos Mastros na altura do Largo do Papagaio, bem como teria que ser prolongado até o Estaleiro do Bonfim, ligando-o a localidade de Pedra Furada, do outro lado do morro do Bonfim.
 
Para que tenhamos uma ideia do problema que esta falha causou, quem chega ao final da Pedra Furada, não tem como passar para o outro lado – Estaleiro do Bonfim – e vice-versa, apesar de separado por poucos metros, senão retornando à Rua Rio São Francisco, aproximar-se do Bonfim e descer pela Rua Rio Negro, encostada ao Hospital da Sagrada Família.

Acima uma imagem do local com a sinalização daquelas referências que estamos falando: Av. Beira Mar em traço vermelho; Porto da Lenha. Estaleiro do Bonfim, Pedra Furada, Igreja do Bonfim, Ponta do Humaitá e, em azul, o espaço não aproveitado. Mas vamos ao que interessa hoje. O ano passado a Prefeitura anunciou a desapropriação de todos os imóveis entre a Rua Barão de Cotegipe e Av. Luiz Tarquínio. Seria feita uma via litorânea com a qualificação dos prédios e muitas outras coisas rendosas. A imprensa até publicou a área a ser desapropriada. É o que se vê abaixo:(Traços vermelhos). Atinge desde o Canta Galo até a Boa Viagem, junto ao Forte de Monte Serrat. Abrange toda Rua Barão de Cotegipe, passa por Roma e alcança a Av. Luiz Tarquinio. até proximidades do Forte de Monte Serrat.
A medida causou uma enorme polêmica. A área que seria desapropriada, além de residências, possui intenso comércio, principalmente na Rua Barão de Cotegipe. São uma centena de empresas, pequenas, médias e grandes. Tem até uma Faculdade onde era a Fratelli Vita. Emprega muita gente. Causaria sérios problemas econômico/sociais. Parece que houve recuo por parte da Prefeitura. Ainda não é certo! Imaginem o que seja um individuo com seu comércio faturando, comércio este às vezes instituído há 10, 20 anos e, de repente, vem a Prefeitura e acaba com tudo. Vamos à outra situação: o pobre cidadão reside no local desde que nasceu. Já está aposentado. Mora com ele a esposa, filhos casados e netos. Aquele aglomerado muito comum que se vê na constituição das famílias mais pobres. Os mais jovens, a maioria está desempregada. De repente, ficam sem casa. Pensem caros leitores, que situação calamitosa a esta altura da vida. É o caso dos antigos operários da Vila Operária da Fábrica Luiz Tarquínio. Ainda moram por lá mais de cinquenta famílias. Para onde vai esse pessoal? Para uma favela, é claro. Se não tem mais lugar, invade o mar como antes aconteceu. Se derrubarem a palafita, faz-se outra mais adiante e assim a cidade vai se transformando num mar de favelas. É o que temos nos Alagados – um mar de favelas. É evidente o interesse da Prefeitura quando teve a coragem de tentar desapropriar este pedaço. Beneficiaria o setor imobiliário com um espaço à beira-mar, Salvador como vista; o mar como moldura, o vento como refresco d’alma e dos corpos. Uma tranquilidade! Salvador nos parece ser a única cidade no Brasil que acontece coisas tais. Lembramo-nos do caso das Barracas de Praia. Tinham umas quatrocentas Dava às nossas praias uma característica muita própria dessa parte do Brasil. Feita de pau e palha de coqueiro ou licuri. Tem em todas as praias do nordeste. Eram um oásis em meio à caloria intensa que a nossas praias proporcionam. Empregava milhares de pessoas. E de uma hora para outra derrubaram todas elas. Dizem que foi o Ministério Público. Até hoje não se sabe os verdadeiros motivos. Falam em falta de higiene, de desorganização geral, de poluição ambiental. Tudo bem! Mas vejam, todos os motivos pensados e imaginados, poderiam ser equacionados, até mesmo o ambiental, retirando apenas àquelas mais ofensivas ao meio ambiente. E o desemprego que causou? No caso das casas desapropriadas as famílias sempre dão um jeitinho favelado, mas de relação aos milhares desempregados, uma boa parte vai para o mundo do crime, aumentando as estatísticas desse setor. A outra parte o que fez? Comprou um guarda-sol, ou melhor, pegou um que sobrou da antiga barraca; adquiriu um isopor, uma cadeira também “sobrada” e se instalou no mesmo lugar onde era a barraca e adjacências. Virou um caos. Em vez de duas ou três barracas num determinado lugar, agora são dezenas de “barraquinhas” de guarda-sol e isopor. Um espetáculo deprimente.
Inicialmente, apareceram uns toldos que nem este mostrado acima; depois desapareceram. Teriam sido proibidos. Tentaram então o guarda-sol e o isopor. Deixaram! Quando não são comerciantes que levam seus isopores para comercializar bebidas na praia, é o próprio banhista que carrega o seu na cabeça, como fez Lula em seu último veraneio na Praia de Inema:

Por outro lado, assim ou assado, tinha sempre um pequeno sanitário para as necessidades repentinas dos banhistas, bem como um ponto de água. Agora tudo é feito no mar. É brincadeira. Vai ter “submarino” por todos os lados. Êpa! Como nos distanciamos do que víamos falando, mas era preciso. Não se poderia perder as oportunidades que a mente nos dá. Fomos navegando por aí. O que estamos propondo, ou melhor, sugerindo, pelo amor de Deus, é a continuidade da Avenida Beira Mar até o Estaleiro e daí até a Pedra Furada. Este acesso à Pedra Furada vai dinamizar o local. Poder-se-ia até alargar a Rua da Constelação que tem apenas 3 a 4 metros de largura. Far-se-ia um novo cais. Alargar-se-ia a rua. Existe até uma ideia revolucionária de fazer ali uma praia pelo sistema de dragagem náutica como aconteceu com as formações de praia surgidas na Avenida Beira Mar. Nada de criar facilidades para o sistema imobiliário como ficou evidente no projeto de desapropriação citado acima. Por outro lado, ali é um morro e, segundo os gabaritos da cidade, não se pode construir nada mais alto que ele. Poderá haver alguma valorização imobiliária, mas dentro de uma situação absolutamente normal, sem os artifícios conhecidos. Os próprios moradores e comerciantes seriam os beneficiados. O local realmente precisa de uma providência desse porte. Ali tem uma série de restaurantes como o da Tia Maria – excelente comida – Você desce a ladeira e é difícil até manobrar lá embaixo. A saída poderá ser feita numa subida antes do quartel militar que ali existe

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