domingo, 2 de junho de 2013

A VIDA ENTRE 1940 E 2013 - DEPOIMENTO


É de se imaginar um jovem de paletó e gravata numa festa no fim de uma tarde? Impossível! Mas esta era a forma como os rapazes dos anos 40 e 50 iam às matineis no Clube Fantoches da Euterpe. Ninguém entrava de calça e camisa, mesmo comprida.
À noite, então, a coisa ainda era mais rigorosa. Às vezes se exigia que os homens fossem de branco e as mulheres de rosa ou com detalhes dessa cor.
Certa ocasião aconteceu uma cena hilariante. Tinha um rapaz que era conhecido pelo apelido de Zé Penetra, isto é, não era sócio de clube nenhum, mas penetrava em todos eles em dias de festa.
Certa ocasião, realizava-se  uma festa com a obrigatoriedade do branco. A certa altura, eis que surge Zé Penetra dentro do clube, mas vestido de azul marinho. Ao se aproximar de sua turma, perguntaram-no como ele conseguiu entrar daquela forma. – Que forma? De azul marinho. –Por que Azul Marinho? Por que todos estão de branco. Não se fez de rogado. Pegou uma bandeja de um garçom  e saiu de fininho pela porta onde havia entrado.

Conta-se que a mais sensacional penetrada  de Zé teria sido num determinado Carnaval. O Fantoches era o grande clube da época. Fazia o maior Carnaval de Salvador. Zé Penetra não poderia deixar de comparecer. Armou sua estratégia. O abastecimento de bebidas pelas empresas do setor era feito pelos fundos do clube. Aproximou-se de um dos entregadores e lhe propôs o empréstimo de seu uniforme com o nome da empresa. Daria ao profissional uma pequena importância e ainda devolveria o uniforme. – Mas como o senhor vai fazer isto? – Deixe comigo. Vestiu a peça sobre a fantasia de palhaço que arranjou,  pegou um engradado da bebida que estava sendo entregue. Passou pelo conferente e após deixar o engradado nas proximidades, subiu rápido pela escada que terminava quase dentro do clube e lá de cima, da sacada,  devolveu o uniforme do assustado entregador.
Zé Penetra

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