sábado, 23 de novembro de 2013

O HÁBITO DE COMER FORA

Hoje em dia tem restaurante onde se faz fila para entrar. Pouco tempo atrás esta afluência era apenas aos domingos ou em dias festivos de nosso calendário. Hoje, praticamente, é todos os dias. De segunda a domingo. Considera-se que isto é devido ao aumento do poder aquisitivo da população, desde que comer fora é relativamente caro.
Antigamente, esse hábito praticamente não existia, nem tanto em razão do poder aquisitivo da população, mas em razão da não existência de restaurantes pela cidade. Só dois merecem registro: o Restaurante Colon de 1914/16 no Comércio e o restaurante do Hotel Chile, na Cidade Alta, também do principio do século passado.

No casarão vermelho funciona ainda hoje o Restaurante Colon - Tradicionalíssimo!
Hotel Chile - Reparem a beleza de sua arquitetura. Divina!

Todavia, há de se registrar determinadas exceções. É o caso dos trabalhadores do Porto - pessoal da estiva. Costumavam comer na rua. Em frente ao porto, "baianas" caracterizadas ou não, forneciam comida trazida de casa em luminosas panelas de alumínio. Geralmente era feijoada, mas não se descarta a possibilidade  de uma galinha de molho pardo e mesmo de um caruru. Sentavam-se em bancadas improvisadas com uma tábua estendida entre dois pesos nas extremidades. Quando não isto, sentavam-se no meio fio do próprio passeio. 

Uma das pioneiras nesse serviço teria sido Maria de São Pedro. Localizava-se na chamada Feira do Sete. 

Armazém 7 das Docas da Bahia

Era uma feira que se armava todos os dias na altura do armazém número 7 do Porto. Ficava em frente ao Pilar onde, àquela época, existiam muitas residências, a maioria delas de dois andares. Não era gente pobre como à princípio poder-se-á pensar. Morava ali muitos trapicheiros, isto é, donos de trapiches, estabelecimentos que negociavam principalmente importados. Como é sabido, àquele tempo tudo era importado. Era proibido fabricar qualquer coisa no Brasil. Aí os trapicheiros faziam a festa. Existiram quase cinco centenas de trapiches.

Antigas residências do Pilar

Trapiche Barnabé - Um dos mais famosos

Nos tempos de hoje, só em dias de Lavagem do Bonfim vê-se essa forma de servir comida na rua.  Famosas quituteiras vendem feijoada num dos lados do Mercado Modelo. Trazem-na prontas de casa em grandes panelas de alumínio e as mantêm aquecidas com toalhas de mesas envoltas.

Diferentemente do pessoal que comia na Feira do Sete, os clientes eram gente da classe A que paga até 300 reais por uma feijoada e uma camisa. Nesses casos armam-se toldos e as cadeiras e mesas são forradas luxuosamente.

Toldos e cadeiras forradas

Noutros casos, come-se em qualquer mesa colocada ao longo do passeio do grande mercado. Sempre existe um espaço, mesmo entre desconhecidos.


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